quarta-feira, outubro 01, 2014

Síndrome de Reye

A síndrome de Reye (SR), constitui encefalopatia não inflamatória aguda e grave, com infiltração lipídica de diversas vísceras - acomete principalmente o fígado - descrita como entidade clínica e patologicamente distinta por Reye, Morgan e Baral em 1963.

Contribuíram para que a síndrome não fosse reconhecida antes, a realização pouco frequente de biópsia hepática e o raro emprego de técnicas histoquímicas adequadas para gordura. Habitualmente ocorre um ou vários dias após infecção viral e se caracteriza por manifestações de encefalopatia difusa associada a alterações hepáticas funcionais; dessa forma o coma, as convulsões e a hepatomegalia podem preceder em 48 a 72 horas à parada cárdio-respiratória e à morte.

O síndroma de Reye foi descoberto em 1963 e no período de 1974 a 1984 acometeu entre 200 e 550 crianças por ano em alguns países desenvolvidos. Atualmente, é considerado um processo muito raro, pois infecta menos de 20 crianças por ano, em parte porque são utilizados outros medicamentos como analgésicos e antipiréticos, no lugar da aspirina.

Os surtos importantes ocorre no fim do Outono e durante o Inverno, atingindo pessoas com gripe e com varicela. Um irmão de uma pessoa que tenha tido a SR é mais propenso a contraí-la, não se sabe se esta tendência ocorre porque a infecção passa de um irmão para o outro, se é porque os irmãos partilham uma exposição a uma determinada toxina ou porque existe um componente hereditário.

CAUSAS

Embora se desconheça a causa da síndrome de Reye, certos vírus, como os vírus A e B da gripe ou o vírus da varicela, podem estar implicados, talvez em combinação com a ingestão de aspirina, a qual pode aumentar até 35 vezes o risco de contrair a síndrome de Reye. O uso de aspirina ou de compostos similares (chamados salicilatos) em crianças e adolescentes é considerado potencialmente perigoso durante processos virais. Entre os diagnósticos diferenciais, incluem-se os erros inatos do metabolismo.




SINTOMAS

Os sintomas surgem normalmente 4 a 5 dias após a infecção viral, quando na verdade o paciente deveria estar se recuperando. Os sintomas e sinais possíveis da Síndrome são:
  • Êmese persistente e contínua;
  • Confusão;
  • Letargia e languidez;
  • Alteração do estado mental;
  • Delírio e convulsões;
  • Posição incomum de braços e pernas (Postura descerebrada: Braços bem estendidos apontam para o corpo, pernas mantidas em linha reta e os dedos dos pés para baixo);



Outros sintomas que podem ocorrer são:
  • Visão dupla;
  • Diminuição da audição;
  • Perda da função muscular ou paralisia dos braços/pernas;
  • Dificuldades de fala;
  • Insuficiência hepática fulminante;
  • A morte geralmente ocorre por aumento da pressão intracraniana e herniação sobre o tronco cerebral.


CRITÉRIOS LABORATORIAIS

  1. TGO e TGP três vezes (3x) acima do valor de referência;
  2. Punção Lombar;
  3. Biópsia Hepática;
  4. Amônia sérica normal ou elevada;
  5. Quanto maior o aumento da amônia, pior o prognóstico;
  6. A encefalopatia inclui um LCR com menor de 8 leucócitos por microlitro.

TRATAMENTO

Não há um tratamento específico da Síndrome de Reye. O procedimento é a monitorização da pressão, gases sanguíneos e equilíbrio ácido-base (pH) do sangue. A terapia utilizada é dirigida para proteger o cérebro contra danos irreversíveis, baseando-se em cuidados para reduzir o inchaço do cérebro, inverter danos metabólicos, prevenir complicações pulmonares. Os tratamentos incluem:
  • Administração de fluidos IV para fornecer eletrólitos e glicose;
  • Vitamina K (prevenir hemorragias);
  • Uso de manitol, corticosteroides (como dexametasona) ou glicerol para reduzir a inflamação e pressão no cérebro;
  • A respiração da criança pode ser apoiada com um respirador artificial.












REFERÊNCIAS

DA SILVA, Cleber Ribeiro Alvares e et al. Síndrome de Reye. Relato de caso. Departamento de Neuropsiquiatria e Psicologia Médica, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP. Pag. 401, Vol. 4. 

Perturbações provavelmente causadas por uma infecção: Síndroma de Reye. Disponível em: http://www.manualmerck.net/?id=289&cn=1533

Sindrome de Reye: Doença Rara e de Alta mortalidade que atinge principalmente crianças. Disponível em: http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3868/-1/sindrome-de-reye-doenca-rara-e-de-alta-mortalidade-que-atinge-principalmente-criancas.html

Síndrome de Reye. Disponível em: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/spanish/ency/article/001565.html

Reye's Syndrome. Disponível em: http://www.reyessyndrome.org/


sexta-feira, setembro 23, 2011

Analgésicos

Tem por função aliviar a dor. O alívio ocorre por meio do bloqueio das estímulos dolorosos sem levar a anestesia ou perda de consciência (desmaio). São divididos em: Analgésicos não-narcóticos e narcóticos.
 Não-narcóticos:

Paracetamol e dipirona. Tratam a dor leve à moderada.

Narcóticos:

Os opiáceos ou opioides são fortes, utilizados no tratamento da dor crônica e intensa. Os opiáceos são extraídos do ópio (líquido extraído da semente da papoula). Assim podem ser naturais ou sintéticos e com propriedades semelhante a morfina.

Opiáceos (Hipno analgésicos)

Além da analgesia; sonolência; dependência física e psíquica têm por características


Excitação do SNC seguida de uma depressão profunda;

Depressão respiratória, podendo levar à morte;

aumento do ritmo cardíaco seguido de uma redução drástica;

Hipotensão motivada pela vasodilatação;

Náuseas e vómitos;

Edema pulmonar devido à retenção urinária;

Diminuição do diâmetro da pupila (miose)

Classificação:

I - Agonistas (totais)- morfina, fentanil, petidina, alfentanil.
II- Agonistas parciais- buferidina, nalorfina.
III- Antagonistas- naloxona, naltrexona.

Mecanismo de ação:

Interagem com os receptores dos opioides endógenos (receptor opiáceo) ativando-os ou bloqueando-os. 
  • Receptores opioides:

I - Receptores mu (μ)localizados no córtex cerebral, tálamo e substância cinzenta periaquedutal. São responsáveis pela maioria dos efeitos analgésicos e por alguns dos efeitos indesejáveis importantes (por exemplo, depressão respiratória, euforia, sedação e dependência). A endorfina β e encefalinas têm maior afinidade para o receptor μ. 

II - Receptores delta (δ)apresentam uma distribuição difusa, sendo mais importantes na periferia, embora também possam contribuir para a analgesia. Os ligandos endógenos preferenciais deste receptor são as leu-encefalinas.

III - Receptores kapa (κ)localizados na medula espinhal, tálamo, hipotálamo e córtex cerebral. Contribuem para a analgesia a nível medular e podem induzir sedação e disforia, porém produzem relativamente poucos efeitos indesejáveis e não contribuem para a dependência. Como ligandos endógenos preferenciais deste receptor temos a dinorfina.


Os receptores opióides, pertencem à família dos receptores acoplados à proteína G, inibem a adenilato ciclase, reduzindo assim o conteúdo intracelular de cAMP. Todos os receptores opióides estão ligados através das proteínas G à inibição da adenilato ciclase. Além disso, facilitam a abertura dos canais de  K (causando hiperpolarização) e inibem a abertura dos canais de Ca2+(inibindo a ação de transmissores).



 Efeitos Farmacológicos:



quinta-feira, setembro 22, 2011

Anti-inflamatórios


 São medicamentos utilizados para amenizar sintomas como febre, dores e edemas decorrentes de uma agressão ao organismo. Existem, basicamente, duas classes de anti-inflamatórios. 
  1. Os Esteróides - Os ditos hormonais, também conhecidos como Cortisonas (dexametasona, Hidrocortisona, etc), glicocorticoides, corticosteroides. Que são agentes inibidores da produção das prostaglandinas leucotrienos pela ação inibitória sobre a enzima fosfolipase A
  2. Não-Esteroidais (AINES)- São a maioria dos medicamentos usados com intuito de reduzir a inflamação. Promovem inibição da cicloxigenase, interferindo na produção de prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. Seu principal uso   é na redução dos sintomas da inflamação como a dor e o edema. Cataflan, Piroxican, etc.
# A Dor: 
Experiencia emocional e sensorial desagradável, associada ao dano presente ou potencial, ou descrita como tal. (Conceito segundo a Associação Internacional de Estudos da Dor)
A dor é uma resposta resultante da integração central de impulsos periféricos, ativados por estímulos locais. Há basicamente três tipos de estímulo:

  • Mecânicos ou térmicos - ativam diretamente as terminações nervosas ou receptores;
  • Químicos - libertados na área da terminação nervosa;
  • Fatores liberados por células inflamatórias como a bradicinina, a serotonina, a histamina e as enzimas proteolíticas.
























# Mecanismo de Ação (AINES): 
O principal mecanismo de ação dos anti-inflamatórios é a inibição da cicloxigenase, enzima responsável pela conversão do ácido araquidônico em endoperóxidos, precursores das prostaglandinas. A liberação de prostaglandinas no organismo vem como resposta a uma lesão (Queimadura, ruptura, entorse ou distensão muscular), produz inchaço, avermelhado e a inflamação.
As prostaglandinas alteram o diâmetro dos vasos sanguíneos, elevam a temperatura corporal como resposta a infecção e desempenha um papel fundamental na coagulação do sangue. Ainda protegem o estômago da ação do suco gástrico, o seu uso continuo leva a acidez, indigestão e úlceras pépticas.

Mecanismo de ação dos anti-inflamatórios

O Bloqueio das prostaglandinas acarreta:

  • Inibição da reação inflamatória;
  • Inibição da transmissão talâmica da Dor;
  • Menor oferta desses mediadores;
  • Ativação do sistema analgésico central;
  • Elevação do limiar térmico hipotalâmico;
  • Aumenta a sensibilidade dos nociceptores (hiperestesia).
A enzima Cicloxigenase ( Cox ):

  • A Cox possui duas formas ligeiramente diferentes: COX-1 e COX-2.
  • São importantes na cascata do Ácido Araquidônico, pois o transforma em dois tipos de compostos: Prostaglandinas e Tromboxanos
  • A maioria dos efeitos adversos deve-se a inibição da COX-1 que no estômago as prostaglandinas levam a produção do muco gástrico, que protege as células da mucosa gástrica dos esfeitos corrosivos do Ácido Gástrico. 
  • Os inibidores tanto da COX-1 como o da COX-2, alteram a agregação plaquetária e causam efeitos tóxicos renais e gastrointestinais.
  • Inibidores da COX-2 não interferem na COX-1 (a protetora do estômago).
Bloqueadores da COX-1 e da COX-2

Bloqueadores específicos da COX-2

# Efeitos Adversos:
  1.  Dispepsia
  2. Hemorragia gástrica;
  3. Náuseas e Vômitos;
  4. Risco de Úlceras Gástricas - no uso prolongado;
  5. Alergias, eritemas;
  6. Insuficiência Renal reversível com cessação do remédio;
  7. Nefropatia irreversível;
  8. Acidose Metabólica por overdose com aspirina;
  9. Síndrome de Reye;
  10. Durante a gestação: 
A) Hipertensão pulmonar persistente no recém-nascido;
B) Inibição da agregação plaquetária.